Taís Brem | Letras miúdas.
Seria muito bom se aquele aparelho de DVD custasse apenas R$ 33,00. Ou se o aquecedor estivesse só R$ 39,90, ainda mais com o frio que anda fazendo por essas bandas nos últimos dias. Mas, não. Para identificar o preço verdadeiro desses e de outros produtos, os consumidores têm de fazer um esforço extra. Não basta somente passar os olhos pelos encartes e cartazes que anunciam promoções. É imprenscindível atentar para os detalhes e ver se o preço alardeado com fontes garrafais não está acompanhado de algum asterisco ou informação em letras menores, que indicam, por exemplo, que o valor convidativo é apenas o que custa uma das parcelas necessárias ao pagamento da bendita mercadoria.
Ao prestar atenção nesses pequenos e importantes detalhes, o consumidor pode descobrir que não é R$ 18,00. São 3x de 18. Não é R$ 29,99. São 30x desse valor. Uma surpresa bem desagradável. Ou não. Afinal, um pouco de desconfiança nesses casos não faz mal a ninguém. E, a bem da verdade, por mais estratégica que seja a iniciativa das empresas em camuflar as letras miúdas que realmente interessam num contrato de compra e venda, isso não é nenhuma novidade.
Na linguagem do marketing, deve ser a mesma lógica que guia os números para as vírgulas e os “99” da vida. Porque todo mundo sabe que são minúsculas as chances de se receber R$ 0,01 de troco quando se paga R$ 10,00 por algo que, pela etiqueta, vale R$ 9,99. Mas, todo mundo compra. E se gaba de ter feito um bom negócio. Já dizia o velho ditado: “O pior cego é aquele que não quer ver”. Ainda que as letras sejam miúdas demais para se enxergar a olho nu.
Taís Brem