[AG] História emocionante! Arroio-grandense recebe rim compatível de seu pai adotivo.

Foto: Paulo Rossi, Diário Popular.
Foto: Paulo Rossi, Diário Popular.

Hian Acosta, estudante de Administração de Empresas, desafiou e venceu as dificuldades: ele carrega um novo rim no corpo de 21 anos. Devido a complicações causadas pela infecção de rotavírus, há quatro anos seu organismo estava comprometido. A atrofia no rim direito listou Hian na fila de espera da Central de Transplantes do Rio Grande do Sul. Filho adotivo, ele não esperava que a solução estivesse em casa. Porém, o doador do rim saudável que faltava em Hian foi seu pai de criação. Uma história rara, que difere da narrativa da maioria que espera por um transplante.

Ainda antes de ser confirmada a possibilidade, José Luiz, 50, pai do jovem, já demonstrava certeza. Com apoio de nutricionista e treinador pessoal de exercícios físicos, o funcionário público emagreceu 30 quilos, desapegou dos sete maços de cigarro diários e das ocasionais bebidas alcoólicas. Neste ritmo, foi diagnosticado apto a doar o rim. Restava, então, vencer a improbabilidade de compatibilidade – se fossem parentes sanguíneos, as chances já não ultrapassariam 50%. “Meu pai insistiu pra fazer o exame e descobrimos que era compatível. Foi uma surpresa muito, muito grande, maravilhosa”, lembra Hian.

Durante a espera, a rotina do estudante, natural de Arroio Grande, estava centralizada na hemodiálise, feita três vezes por semana. Quando um ou os dois rins deixa de funcionar, ela torna-se uma opção de tratamento que permite remover as toxinas e o excesso de água do organismo do paciente. Cada sessão de hemodiálise durava em torno de quatro horas e era acompanhada pelo pai, pela mãe ou por Cíntia, sua esposa. “Sou quase enfermeira dele, de tanto que aprendi sobre os cuidados necessários”, ela brinca.

A cirurgia aconteceu no início de setembro, no Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP), da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Desde então, Hian passa por duas sessões diárias de fisioterapia até receber alta. A instituição hospitalar é a única em Pelotas a realizar transplante de órgãos. Ainda assim, apenas rins e fígado se enquadram na logística do HUSFP, devido ao intervalo de tempo entre captação e repasse à Central de Transplantes do Estado. Até hoje, aconteceram cinco transplantes de rim no hospital.

O pai de Hian é um doador vivo. Estes doadores podem repassar órgãos duplos como rim, uma parte do fígado, pâncreas ou pulmão, ou um tecido como a medula óssea, para que seja transplantado em alguém da família.

No que diz respeito à doação de órgãos de pessoas mortas por interrupção cerebral – causada mais frequentemente por traumatismo craniano, tumor ou derrame -, a legislação federal afirma que as manifestações de vontade de doar órgãos e/ou tecidos, que constavam na Carteira de Identidade e na Carteira Nacional de Habilitação, perderam a validade. Ou seja: a retirada de partes do corpo humano de falecidos para transplante depende unicamente da autorização da família. Portanto a importância de comunicar os familiares em relação à vontade de ser doador(a) de órgãos e/ou tecidos.

A enfermeira coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos, Tecidos e Transplantes (Cihdott) do Hospital-Escola (HE) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Liliana Costa, calcula que a média de manifestações negativas por parte da família de doadores em potencial varia entre 45% e 50%, na maioria dos casos, pela falta de diálogo entre familiares.

Responsável pelo Banco de Olhos da instituição, ela enxerga crescimento no número de doadores, mas destaca que há muito para progredir. Em 2012, foram 70 doadores de córneas. O índice subiu para 94 em 2013. E, até então, 2014 soma 80 doações. “Existe o medo de o corpo do doador não ficar o mesmo sem as córneas. Mas não é possível perceber a diferença, pois colocamos próteses em substituição”, explica Liliana. A lei também exige que os hospitais autorizados a retirarem órgãos e/ou tecidos devem recuperar a mesma aparência que o doador tinha antes da captação.

Adote a causa
Criada para divulgar a doação de órgãos, a Aliança Brasileira Pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote) atua no trabalho da promoção de valores relacionados ao tema. A Aliança está aberta para receber a população e explicar o assunto a interessados. A sede da Aliança fica na rua 7 de Setembro, 274. Outras informações podem ser obtidas pelos telefones: (53) 9982-1420, 8127-4050 e 8456-2077.

Matéria originalmente publicada no jornal Diário Popular.
Autora: Renata Garcia
Link: http://www.diariopopular.com.br/index.php?n_sistema=3056&id_noticia=OTAxMzQ%3D&id_area=Mg%3D%3D

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *