Colheita de arroz tem redução, e desemprego no campo aumenta no Sul do RS
Com 90% da colheita do arroz concluída no Rio Grande do Sul, o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) estima uma redução de cerca de um milhão de toneladas em relação à safra do ano passado. O resultado é a diminuição na área plantada, o que aumenta o desemprego no Sul do estado.
“Nossas condições climáticas não foram favoráveis, principalmente no mês de janeiro, onde tivemos uma oferta de luz bastante restrita, vários dias com precipitação e isso prejudicou o produto reprodutivo de enchimento de grãos de arroz”, afirma o coordenador regional do Irga, André Matos.
A consequência é a diminuição da área plantada em cerca de 9%, em parte substituída por soja. A mudança impacta no desemprego porque a lavoura de arroz precisa de um funcionário a cada 50 hectares de área plantada, enquanto a soja demanda uma pessoa a cada 300 hectares.
Na propriedade do produtor Ladislau Silveira, o número de trabalhadores caiu 38%. A área plantada com arroz, que era de 400 hectares, hoje é de 280.
“A gente fica muito triste quando tem que dispensar um funcionário. São famílias que dependem disso, mas o nosso negócio hoje não comporta estarmos com funcionários além da necessidade”, lamenta.
A Federação dos Trabalhadores Assalariados Rurais do RS (Fetag) afirma que neste ano foram registradas 5 mil rescisões, um aumento de 30% desde 2017.
“Nossa preocupação também é como recolocar esses trabalhadores rurais no mercado de trabalho. São trabalhadores que dificilmente conseguem se encaixar no centro urbano”, diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arroio Grande, João César da Rosa.
O trabalhador rural Rogério Reinaldo conta ter sido demitido depois de dois anos. “Quando chega no final da safra, o preço do arroz não ajuda, e o que acontece: vamos diminuir o custo, e o custo, infelizmente, é a mão-de-obra, é o empregado”, desabafa.
Por Luiza La-Rocca, RBS TV