Taís Brem | O prazer do não-voto.
Falta menos do que faltava. Bem menos, aliás. Afinal, daqui a pouquíssimos dias, a maioria de nós estará diante da urna eletrônica para o tão importante momento da votação que se repete em todo o ano eleitoral. Eu poderia trocar a palavra “importante” por “aguardado”. Mas, sinto que seria uma leve forçação de barra, levando em consideração a suspeita que tenho de que, se pudesse, boa parte da população excluiria essa data do calendário.
Dia desses, vi na TV uma reportagem sobre uma idosa que, embora não tenha mais a obrigação de comparecer às urnas, tem o prazer de dar sua contribuição como eleitora. Uma louvável espécie em extinção. Sim, porque do lado de cá da tela, observo cada vez menos entusiasmo das pessoas na prática de votar. Conheço, inclusive, quem prefira pagar multa (que, diga-se de passagem, não é nenhuma fortuna) a assumir a responsabilidade por eleger alguém que não corresponde aos seus anseios. A maioria das pessoas com quem convivo até vai votar, mas preferia não ter que fazê-lo. E esses, que se renderão à obrigatoriedade do sufrágio, nem preencheram ainda a listinha com o número de todos os seus candidatos. Parece que nunca a contagem até cinco foi algo tão longo. Por unanimidade, meus conhecidos todos sabem em quem não votar. Mas, a quem confiar o voto, é uma questão bem mais complexa.
Isso é preocupante. Porque, por mais nojento que tenha se tornado o assunto “política” com o passar dos anos, é em função desse incômodo compromisso que temos com nosso Título Eleitoral que se desenrola o rumo de nossa nação. Se nos isentarmos de participar dessa importante decisão, o nosso futuro ficará nas mãos dos outros, aqueles mesmos que – está mais do que provado – não sabem muito bem utilizar toda a liberdade que a expressão “livre arbítrio” carrega em si. É um direito que não deixa de ser, também, um dever, e que precisa ser exercido com responsabilidade. Eu até poderia trocar a palavra “responsabilidade” por “prazer”, mas… voto em deixar esse detalhe para uma próxima oportunidade.
Taís Brem