Taís Brem | #TáTendoCopa.
As manifestações contrárias vêm de todos os lados, é verdade. Mas, a força dos protestos não foi capaz de barrar a realização da Copa do Mundo de 2014 aqui no Brasil. E, sim, gostando ou não a torcida do contra, está tendo Copa.
Muito já se falou sobre a reação dos brasileiros frente ao campeonato, que se divide entre euforia e vergonha. Euforia, porque o país mais futebolístico do mundo é o nosso, ainda que o esporte não tenha surgido daqui. E isso faz com que nosso coração bata mais forte quando a bola está rolando. Até quem não entende nada de futebol acaba se rendendo quando a Seleção entra em campo. Vergonha, porque nossa casa não está assim tão bem arrumada para receber visitas. De qualquer forma, se não houve como evitar que os olhos do planeta se voltassem para a nação verde-amarela-e-azul nesse importante momento midiático, acho justo que nós, os de casa, torçamos pelo melhor dentro e fora dos gramados. E, é claro, façamos a nossa parte para que esse melhor se concretize.
Pois bem. Dei de cara, dia desses, com duas mensagens que me fizeram ter a mesma sensação que tenho quando vejo rastros de torcida contrária nesse cenário todo. Na verdade, não tinha nada a ver com o clima anti-Copa, diretamente. Mas, no fundo, falava da mesma coisa. Era como se os pessimistas estivessem fazendo uma birra infantil e bagunçando ainda mais a bagunça que já temos para piorar o nosso aspecto diante dos visitantes.
A primeira mensagem, colocada num outdoor na entrada de Pelotas, dizia: “Bem-vindos à cidade da doce miséria” e reclamava dos baixos salários que grande parte de nossos municipários recebem. A outra, também num anúncio gigante noutro ponto de acesso ao município, fazia referência às más condições de trabalho, ao assédio moral e, claro, à má remuneração dos empregados de padarias e confeitarias. Tudo isso acompanhado de fotos ilustrando nosso maior produto turístico: os doces típicos. Aliás, deve ser por causa deles e da realização da 22ª Fenadoce que inúmeros turistas estão na cidade nos últimos dias. Sem fazer esforço nenhum, encontrei vários veículos com placas de fora circulando pelas ruas. Gente de Minas Gerais, Paraná, São Paulo… Não deve ser apenas coincidência.
Fico pensando o que eles, os turistas, pensaram quando depararam com aquelas frases de péssimo gosto fazendo as vezes de comitê de boas-vindas. Que temos problemas, isso é claro. Não dá para fechar os olhos diante da gritante deficiência em tantos setores da sociedade. Mas, quem disse que esse tipo de manifestação melhora o quadro? Ao contrário, não justifica e não ajuda em nada.
Em pensar que, há algum tempo, a frase que se lia num desses outdoors saudava a todos com um simpático “Bem-vindos à cidade do doce Senhor Jesus”. Independente de credo, era mais agradável, mais acolhedor e mais profético. Acho que o “doce Senhor” em questão ajudaria melhor a reescrever uma história mais feliz para a nossa cidade. De um jeito eficaz e bem mais inteligente.